“A riqueza não monetária é muito interessante, porque ela pode
quantificar o que perdemos na nossa vida quando nos ligamos à economia
monetária, quando trocamos os parâmetros de qualidade de vida,
sustentabilidade e sanidade do ambiente. Trocamos isso por uma aparente
vantagem da riqueza monetária, mas na verdade estamos empobrecendo,
ficando mais vulneráveis e mais infelizes.
Se
olharmos, por exemplo, o que acontece quando ficamos presos a esse
percurso da sociedade ligado à economia monetária, vamos entender que há
um sofrimento muito amplo, que surge de algum modo ligado a coisas
econômicas, mas que vai impactando também outras formas de funcionamento
da própria sociedade. Quando a pessoa mergulha na visão do paradigma
econômico monetário, é quase impossível entender a visão ecológica.
Surge também uma sensação de que não há limites para esse crescimento
econômico.
Quando
começamos a estabelecer um tipo de sociedade, não conseguimos
incorporar a visão de equilíbrio entre as múltiplas espécies e de
limitação da atividade humana. Não perseguimos riqueza, nós passamos a
perseguir números, como se fosse um jogo, e então a visão ecológica
perde o sentido. Eu preciso atravessar a vida dos outros seres, preciso
avançar sobre a liberdade dos outros seres para ampliar esses números.”
— Lama Padma Samten apresentando uma economia desde a visão budista na seção Palavras do Lama, na Revista Bodisatva 33.