Quando o jovem Kaique Augusto Batista dos Santos, 16 anos, foi
encontrado morto na região central de São Paulo no sábado (11) com todos
os dentes arrancados da boca, desfigurado, com um barra de ferro
enfiada na perna e cuja morte foi relatada pela incompetente polícia
paulista como “suicídio”, o Marcio me pediu para escrever algo sobre o
assunto.
Eu tenho evitado comentar, divulgar e debater as mortes por homofobia
porque, além de isso me fazer um mal tremendo, acho que não há mais o
que se dizer sobre essa barbaridade. Por isso, eu procuro publicar aqui
no site histórias afirmativas, como a do pastor que casou seu filho gay na igreja, da base militar americana que celebrou o primeiro casamento gay, da mãe do Lance Bass, que pregou em sua igreja sobre o amor aos homossexuais, sobre a família de gays afro americanos criando suas três crianças e
por aí vai… Além de os nossos leitores gostarem disso, sinto que é uma
maneira de levar esperança e amor a uma comunidade tão mal tratada e
desprezada pela sociedade como são os LGBT.
Disse, portanto, ao Marcio, que não queria escrever sobre isso. Que
se fosse escrever ia sair uma mensagem de ódio. Porque minha vontade ao
ler a notícia era pegar um por um desses covardes homofóbicos e
fazê-los, só pra começar, comer a própria merda.
Afinal, o que mais eu poderia dizer? Que a polícia brasileira é uma
das corporações mais vergonhosas e incompetentes que existe no país? Que
a sociedade brasileira é uma das mais coniventes com essa barbárie que
está acontecendo? Que Marco Feliciano, Silas Malafaia, Jair Bolsonaro e
tantos outros desses supostos cristãos mereciam ser condenados por
crimes contra a humanidade? Que os gays também têm sua responsabilidade
pelo que acontece, já que se mobilizam apenas para expressar seu
hedonismo, quando não para expressarem preconceitos de ordem racial,
social e sexual contras as bichas pretas, pobres e efeminadas? O que,
afinal, eu poderia fazer para extravasar o ódio que eu sentia de uma
maneira racional e eficiente, na tentativa de tentar reverter essa
situação degradante e humilhante que os homossexuais, bissexuais e
transexuais estão passando neste país?
Pois eis que eu tive uma ideia. Além de todos os que citei acima,
quem também pode estar com as mãos sujas do sangue do Kaique é a nossa
presidenta Dilma Rousseff. Não é a primeira vez que ela demonstra seu
total descaso acerca dos direitos humanos. Calou-se sobre o aborto.
Calou-se sobre o estatuto do nascituro, a chamada bolsa-estupro, e
quando resolveu agir sobre a homofobia, jogou contra. Recentemente, com
medo de perder os votos dos evangélicos e cedendo à chantagem da bancada
dos falsos profetas, mais conhecida como bancada evangélica, mandou mais uma vez adiar a votação do PLC-122, que pune com rigor os crimes motivados por homofobia.
UPDATE: é importante que você clique no hyperlink acima para
entender como a Dilma interferiu nessa votação. Quem orientou a bancada
petista no Senado foi a ministra da relações institucionais Ideli
Salvatti, que não dá um passo sem a orientação de Dilma e cuja função é
administrar crises entre os poderes. Oficialmente e teoricamente, Dilma
não poderia interferir nos expedientes do Congresso, mas sabemos que ela
faz isso, especialmente quando tem que ceder às chantagens da bancada
evangélica, que vive ameaçando de travar a pauta das votações em nome de
suas bandeiras fundamentalistas.
Pois bem, dona Dilma, a comunidade LGBT pode não ser tão numerosa
quanto a evangélica, mas com certeza, a meu ver, nossos votos não podem
ser desprezados. Já li que a Parada Gay reuniu mais de 3 milhões em uma
de suas edições. Não temos dados precisos de qual é o tamanho da
comunidade LGBT no Brasil, mas creio eu que 3 milhões de votos podem ser
a diferença entre uma vitória em primeiro e uma ida ao segundo turno. E
que se o cenário no segundo turno for bem apertado, os gays podem sim
fazer a diferença e dona Dilma cair com a cara no chão.
Então, bichas, façam o favor de não votar nessa mulher na
próxima eleição. Não estou dizendo em quem vocês devem votar, mas em que
vocês NÃO DEVEM VOTAR DE JEITO NENHUM. Anulem, votem em branco ou
procurem saber quem foram os políticos que já fizeram algo pela
comunidade LGBT e votem neles. Além disso, votem para os cargos
legislativos nos candidatos que representam a comunidade LGBT. O Jean
Wyllys precisa de ajuda. Sozinho o cara é massacrado naquele Congresso
de machistas. O PV, por exemplo, (não, não sou partidário deles) está
promovendo vários candidatos que representam os nossos direitos para a
próxima eleição. Votem neles. Sejam solidários pelo menos uma vez na
vida. #GAYnãovotaemDilma
Vejam, esse meu posicionamento em nada muda minha orientação política
favorável aos programas sociais do governo que tiraram milhões da
pobreza e que deram oportunidade a outros milhões de estudar, viajar,
comprar e ter dignidade humana. Tampouco quer dizer que sou de direita,
que adquiri um discurso reaça ou que virei tucano (embora, é bom
ressaltar, quem assinou a lei estadual que pune a homofobia foi Alckmin e
quem quebrou as patentes dos medicamentos antirretrovirais foi o
Serra). Apenas estou convocando a comunidade LGBT a responder ao descaso
com que o governo a tem tratado nas urnas, já que esse direito civil
ainda não nos foi tomado.
E quanto a esses patéticos neonazistas tupiniquins (sim, pode haver
algo mais ridículo que latino-americanos miscigenados lutarem pela
superioridade ariana?), vocês que nem sequer têm a coragem de mostrar
suas caras imundas em público, que só têm coragem de atacar em bando ao
gay mais vulnerável que encontram na rua sozinho, eu os desafio a irem
atacar na porta da The Week, onde está cheio de gays musculosos prontos
para encherem suas caras de sopapos.
Quanto a vocês, bichas covardes, preconceituosas, racistas,
homofóbicas e misóginas, suas mãos também estão sujas. Sua falta de
engajamento político, seu descaso, sua falta de consciência coletiva
também ajudaram a arrancar cada um dos 32 dentes do Kaique. Isso também
tem a ver contigo. E espero que você não se dê conta apenas quando sua
cara estiver desfigurada em um B.O. de “suicídio”.
http://www.ladobi.com/2014/01/gay-nao-vote-na-dilma/
A personal blog by a graying (mostly Anglo with light African-American roots) gay left leaning liberal progressive married college-educated Buddhist Baha'i BBC/NPR-listening Professor Emeritus now following the Dharma in Minas Gerais, Brasil.
Wednesday, August 13, 2014
Via LadoBi: “Posição de Dilma é vergonhosa”, diz ativista gay argentino
A presidente argentina Cristina Kirchner se declarou publicamente a
favor do casamento igualitário. O que dizer da omissão da Dilma sobre
essa questão?
É uma vergonha. A posição da Dilma é vergonhosa. Assim como mandar o exército e a Força Nacional para a rua para reprimir os protestos contra a privatização do pré-sal. A posição do PT é uma vergonha. Ontem eu me reuni com o Alckmin por pouco mais de meia hora, e durante nossa conversa eu disse para ele que é muito difícil para o público argentino entender como é que, no Brasil, tem lideranças nacionais como ele que são a favor do casamento igualitário, e a Dilma, que é mulher de esquerda e ex-presa política, é contra. Como é possível, o maior obstáculo para que a lei do casamento igualitário seja aprovada no Congresso é o PT e sua aliança com a máfia fundamentalista religiosa. A Comissão dos Direitos Humanos e Minorias (CDHM) aprovou o projeto de alteração da lei da discriminação, liberando os religiosos para agir de maneira discriminatória. Além de fundamentalistas, são burros. A lei que eles querem alterar é a lei do racismo. Não inclui a homossexualidade. Quando eles fazem essa alteração para isentar as igrejas, o que querem é permitir que se discrimine por cor, que se permita a um pastor dizer “na minha igreja não caso pessoas negras”. O PT fez um acordo político e colocou um pastor fundamentalista na presidência da CDHM. Na Argentina, Feliciano poderia até se tornar deputado, mas jamais sobreviveria como presidente dessa comissão.
http://www.ladobi.com/2013/10/posicao-dilma-vergonhosa-ativista-gay-argentino/
É uma vergonha. A posição da Dilma é vergonhosa. Assim como mandar o exército e a Força Nacional para a rua para reprimir os protestos contra a privatização do pré-sal. A posição do PT é uma vergonha. Ontem eu me reuni com o Alckmin por pouco mais de meia hora, e durante nossa conversa eu disse para ele que é muito difícil para o público argentino entender como é que, no Brasil, tem lideranças nacionais como ele que são a favor do casamento igualitário, e a Dilma, que é mulher de esquerda e ex-presa política, é contra. Como é possível, o maior obstáculo para que a lei do casamento igualitário seja aprovada no Congresso é o PT e sua aliança com a máfia fundamentalista religiosa. A Comissão dos Direitos Humanos e Minorias (CDHM) aprovou o projeto de alteração da lei da discriminação, liberando os religiosos para agir de maneira discriminatória. Além de fundamentalistas, são burros. A lei que eles querem alterar é a lei do racismo. Não inclui a homossexualidade. Quando eles fazem essa alteração para isentar as igrejas, o que querem é permitir que se discrimine por cor, que se permita a um pastor dizer “na minha igreja não caso pessoas negras”. O PT fez um acordo político e colocou um pastor fundamentalista na presidência da CDHM. Na Argentina, Feliciano poderia até se tornar deputado, mas jamais sobreviveria como presidente dessa comissão.
http://www.ladobi.com/2013/10/posicao-dilma-vergonhosa-ativista-gay-argentino/
Flower of the Day: 08/13/14
“It
takes steadiness to accomplish what your heart determines. This can be
extremely challenging because, when you truly surrender yourself, the
heart begins to purify you. Love works towards having love and only love
be expressed through you. Love is enough unto itself. It purifies you
until you become a pure channel of love.”
Sri Prem Baba
Via Daily Dharma
Faith in Buddhism | August 13, 2014
It is a great turning point in our
spiritual lives when we go from an intellectual appreciation of a path
to the heartfelt confidence that says, ‘Yes, it is possible to awaken. I
can, too.’ A tremendous joy accompanies this confidence. When we place
our hearts upon the practice, the teachings come alive. That turning
point, which transforms an abstract concept of a spiritual path into our
own personal path, is faith.
Sharon Salzberg, “How Important is Faith?”
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